prosaico pelo dia do Agrônomo

pitangas
mangueiras
abacateiro
a prosa do vento nas ruas de maracujá enfeitado
alameda de jamelões
a cana espalhada depois dos trilhos
a vida latente nas sementes caídas da sibipiruna
o forte lastro do pau - ferro
a floresta de eucaliptos
o caminho tão quieto dos aromas
os restos abandonados da palma mater assassinada por um raio

o prédio no alto da pequena colina
resiste o sentimento da primeira vez
descobrir as suas passagens
os tamarindos
as lutas
o lago no intervalo 
o silêncio das palmeiras
a estranha dança dos pássaros que não aprendi o nome

um besouro atravessa o corredor largo
apenas observo a trajetória da travessia
observador atento
percebo que ele não tem dúvida
avança e desaparece no jardim
paralelo ao tempo escorrendo
pela estrada empoeirada
ao som de Jethro Tull em um improvável rodeio
a ausência de nós nesse espaço
a essência de tudo que acreditamos um dia
a confusa visão do espelho
sobre as águas apagadas do lago açu.

                                                       Flávio Machado

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