Quero tua voz

Quero a voz tua. Mesmo distante
da minha. A boca que enlouquece,
abismo desejado. Não o silêncio,
fonte seca onde agoniza o sonho.

Mudos. Palavras desfeitas em ausência.
Provoco então, com um soneto atrapalhado,
pedra jogada no lago. Te quero aroma,
perfume de ternura, branda espuma,

quero tua voz. Um dia te aceitarei silêncio.
E me recolherei nesse silêncio. Vibrando
em noites de embriaguez. Sem passado,

sem palavras. Mudos lábios, quietos ventos. 
Apenas murmúrios. Inúteis palavras. Um dia
bastarão os sentidos, querido. Bastaremos.

                                                   Jade Dantas

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