CARTA

-  I -

Minha irmã de além-mar! Irmã querida
A quem desejo tanto conhecer!
Julgo estar breve o fim de minha vida
E não terei, de certo, esse prazer!...

Minha irmã de além-mar! Irmã distante
Que nunca estreitarei nestes meus braços.
As nossas almas, num fraterno instante,
Eu sinto que se enlaçam nos espaços.

Minha irmã de além-mar que revigora
O intercâmbio das letras femininas,
Guarda estas cartas que te mando, agora,
Entre as tuas lembranças pequeninas.

Guarda num gesto, carinhoso e amigo,
Estas cartas singelas que aí vão...
E dá no teu Arquivo o doce abrigo
Para os pedaços deste coração.

Guarda estes versos meus como lembrança
Desta amizade pura e fraternal
De quem viveu nutrindo uma esperança
De visitar o belo Portugal!...

                                                 Lola de Oliveira

Do livro: "Cartas para Portugal" (pelas comemorações do V Centenário da morte do Infante D. Henrique), ed. autora, RJ, 1960

voltar