(7 Trovas)

Madrugada, tem piedade
deste meu frio abandono,
e acalenta esta saudade
que não quer pegar no sono...

***

Parreiras de uvas douradas
que Deus plantou nas alturas
pendem do céu nas ramadas
cachos de estrelas maduras.

***

Foi azul a minha infância
era azul a mocidade.
— Azul é cor da distância,
azul é cor da saudade...

***

Na manhã clara e bonita
sopra o vento, e em suas rondas
põe laços brancos de fita
na cabeleira das ondas...

***

Eu, trabalhar desse jeito,
com a força de Deus me deu,
pra sustentar um sujeito
vagabundo que nem eu???...

***

Olhaste a lua, sorrindo,
e eu, sorrindo, a olhei da rua.
— Foi lindo o encontro, foi lindo
dos nossos olhos na lua!

                        Orlando Brito

Do livro: Viola de marinheiro (trovas), Edições Caravela, RS, 1991

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