Soneto à nadadora

A meus olhos terrestres, teu sorriso,
enquanto existes, fruta de esplendor,
Não se assemelha às ondas, mas à flor
pelo acaso deposta onde é preciso.

Entendes o equinócio, no indiviso
sulco de luz dormida. E é meu temor
quue te desgaste o sol, com seu fulgor
persuasivo e sonoro como um riso.

O verde condenável das piscinas
no cântico braçal desenha os prantos
que a noite oferta à fímbria dos teus cílios.

Conformada às marés, como as ondinas,
dás a manhã aos céus, e os acalantos
de teus pés frios soam como idílios.

                           Lêdo  Ivo

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