Destino
O MORTO NÃO MORA ONDE O CORPO SE EXPÕE
NO ÚLTIMO TRAJE
NÃO CESSA ALI – SOB O ASSÉDIO DOS OLHOS NA CAIXA FRIA.
JAZ, NA DERRADEIRA VITRINE DO RITO,
APENAS A CASCA OCA
(QUE SEUS SONHOS E MEDOS JÁ NÃO GUARDA).
INÚTIL PRANTEÁ-LO, EM FLORES E CONFISSÕES,
NA MASMORRA DE MÁRMORE.
SOB A LÁPIDE, APENAS PELE E DESTROÇOS.
SUA DOR VOLÁTIL MIGROU PARA O INVISÍVEL, RUMO AO SOL.
O MORTO NÃO MORA NO OSSÁRIO,
NA URNA DE CINZAS PROMETIDA AO MAR,
NOS TESOUROS QUE GUARDAVA,
NO QUARTO QUE O AGUARDAVA.
NÃO CESSA NO TIRO, NO CORTE,
OU QUANDO, AMOROSA, A MORTE O ELEGE
NO SOSSEGO DA NOITE.
O MORTO NÃO MORRE.
Carmen Moreno