A VOZ DA NATUREZA
Não me maltrates e não te castigo:
o que me fere é ingrato, impuro.
Se o ar que me cerca é puro
sou aquela que te dá abrigo.
Sou o teu amparo no caminho
e como tu sofro e também sinto.
Sou como um jardim, belo recanto,
onde brotam canções de ninho.
Respiras o aroma de muitas flores
e dos meus frutos te alimentas;
sou a extensão de tuas ferramentas
e também suavizo as tuas dores.
Se repões o que me consome
sou teu teto, a tua rede,
o líquido que mitiga a sede
e o pão que mata tua fome.
Sou a cama em que descansas,
onde dormem teus filhos inocentes.
Alegro-te com os pássaros contentes
que cantam hosanas às esperanças.
Ao céu levanta a tua prece
agradecendo ao Ser sempre eterno;
na primavera, verão, outono ou inverno
dou-te, sempre, o sol que te aquece.
Giulia Dummont