O INCÊNDIO NA FLORESTA

Um fúlgido clarão abraça as ínvias furnas
E a mata toda treme em frêmitos de espanto;
Estorcega-se o eco, uivando em cada canto
Como um louco, acordando as áspides noturnas;

Os pássaros, em bando, ávidos fogem, enquanto
Saltam camaleões de frestas taciturnas;
De incendidos rubis as grutas são quais urnas,
E bátegas raivosas as ramas do amaranto.

O incêndio! Ei-lo em furor num frêmito de asas,
Num dilúvio infernal, num vômito de brasas,
Em macabro vibrar de horripilante festa!

E, na noite tão clara, a serra apavorada
Vê-se fraca e impotente aos beijos da queimada,
E nos braços do fogo agoniza a floresta!

                                                      Luiz Roberto Júdice

Do livro Ramalhete de sonetos, Ed. autor, 1995, Poços de Caldas/MG

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