INFORMAÇÃO PARA TURISTA

Uma acácia, nos compêndios de poesia,
nunca será árvore, mas invento:

a invenção de Deus no oitavo dia,
utilizando pássaros, nuvens, ventos.

Milagre que se abre e é concebível
navegando no silêncio das esquinas

ou das praças, e que quanto mais visível
menos aquele que a vê a imagina.

A acácia é leve e ave, sobretudo
à época do verão, quando se inflama

e, úmida de luz e sol, aninha tudo,
inclusive o Recife, em suas chamas.

Toda acácia plantada tem o dom
de voar no espaço onde se planta.

E ao florescer, aberta em luz e som,
uma acácia tanto voa como canta.

Qualquer acácia é um excesso de beleza
desoncertando o lógico e o comprovável:

tão bela é que ao flutuar, acesa,
quem a vê tem vontade de ser árvore.

                                                   Jacy Bezerra

Do livro: "Comarca da Memória", Ed. Flamboyant, Recife/PE, 1993

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