SOLO DE MOTOSSERRA PARA UM CANTO FÚNEBRE

A velha árvore já não faz sombra nas horas de sol quente,
não mais abriga pássaros em seus galhos tortos.
Na fria pedra da calçada, jaz em toras
integrada inteiramente à solidão dos mortos.

Volúpia

Uma língua líquida lambe o ventre do vale.
O vento faz carícias no capim.
A terra, em cio permanente,
entrega-se à semente.
E assim, em cada detalhe,
a Natureza faz amor constantemente.

               Wanderlino Teixeira Leite Netto

Do livro: Café pingado, Ed. Muiraquitã, 2012, Niteroi/RJ