POEMA COMO MOTE PARA SOLIDÃO SEM FIM

     
Os tubarões andam se alimentando de surfistas.
    Aquele navio asiático permanece ancorado
    
com porões cheios de carne estragada.

   Tenho medo, Mamãe, do Canibal de Milwaulkee.
   
Tenho medo do assassino que mata casais na praia.
       Tenho medo de ser torturado por policiais
       por causa do beijo que dou em meu namorado.
          Tenho medo de ser currado por eles.
          Cobram caro pelo flagrante de um abraço.
           Não temos glória, Mamãe.
             Só uma luta infinda.
           Pedradas. Imprecações.
         Eles não nos aceitam, Mamãe, só suportam
                nossas cores, nossas gargalhadas,
     nossos falsos decotes, nossos quadris, peitos e
            bundas
          de silicone e anabolizantes.

     Mas somos mais desaforadosque eles, Mamãe,
          Porque não podem nos eliminar a Todos.

Tom (Tom Zine)

Do livro: “Crônicas Poéticas & Poesia Crônica”, Edições Jotta Dom, 2005, Petrópolis/RJ

« Voltar