JAMELÃO
Lá vai o preto de cabelo branco
Agora perto de ser quase um santo
Caminho aberto para o seu manto
Abre clareira com seu negro canto
É hora de velho já estar roncando
Não o preto velho que segue cantando
A voz ecoa sabe-se até quando
Ele é eterno já está se notando
Seu terno rosa já não causa espanto
Na sua escola é a cor do bando
Sua voz decola como um antipranto
Que hora é agora já são três e tanto
Ricardo SilvestrinDo livro: O menos vendido, Nankin Editora, 2006, SP