"PLENILÚNIO" [Cruz e Souza]

Vês este céu tão limpido e constellado
e este luar que em fulgida cascata,
cae, rola, cae, nuns borbotões de prata...
Vês este céu de marmore azulado...

Vês este campo intermino, encharcado
da luz que a lua aos paramos desapta...
Vês este véu que branco se dilata
pelo verdor do campo illuminado...

Vês estes rios, tão phosphorescentes,
cheios duns tons, duns prismas reluzentes,
vês estes rios cheios de ardentias...

Vês esta molle e transparente gaze...
pois é, como isso me parescem quasi
eguaes, assim, as nossas alegrias!

                Glauco Mattoso

Do livro: Critica Syllirica, Lume editor, 2015, SP