Poetas da noite

Madrugadores insanos
Poetas destemidos
Rendam-se a morte lenta e eficaz
ou O zombador que dança
embalado pelos sinos da zero hora
Lhes fará secar todos os olhos na aridez arenosa
    e tua carne na ardência do fogo

Com um sono perturbado
que ressona ao vento abrasivo
Padecerão num sonho
Tão real que tornar-se-á pesadelo
Ao verem que jaz na impossibilidade
De onde jamais acordarão

No sangue desbotado
Que escorre em vossa face
Desde a cabeça até o pescoço
    [Lentamente toma de carmim
    Seu corpo apodrecido]
Aglotina-se Gota-a-gota
na frieza do chão

Sem medo do que se oculta
    [Nas horas em que
    até o astro rei se esconde]
Não crentes do que advir
Poetas destemidos
Tornam-se
    madrugadores insanos!

                         César Silveira

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