TRAGO EM GOLES O SOPRO DO VENTO

Abro a boca e silencio as palavras,
Trago em goles o sopro do vento.
Sem mãos que me socorram,
Estiro pedintes os braços mutilados.

Numa distância de dúbio retorno,
Dias e noites, orando sem mãos postas,
Aos olhos dum luar que espreita pelos galhos
O alvo devido à sua claridade transparente.

Um canto de espera cria-se do limo da esperança,
Atravessa e dilui-se no ranger da porta que se abre,
As palavras entram silenciosas, puxam as cadeiras...

O luar dos galhos, a porta que range, o sopro do vento
Guardam o descansar das palavras que silenciaram
E o encontro das mãos para os braços mutilados.

                                           Marlene Andrade Martins

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