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as palavras esperam como um barco abandonado
eu marinheiro de primeira viagem
contemplo o grande rio como um desafio
recolho os remos
não ouso navegar
calo
e o silêncio vai tomando conta da alma
- mas silêncio também é poesia!

resta ouvir com atenção o barulho das águas
lambendo a vegetação
escorrendo pelos meandros esculpidos
me abandonar
e desejar ser parte da paisagem
como uma massa de ar
como um pequeno peixe
como os raios solares atravessando a espessa mata
reflexo de luz
ou não ser nada
que me parece mais apropriado.

                                                 Flávio Machado

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