MÁRIO ALVES DE OLIVEIRA - Carioca, de 10 de julho de 1938, formado em línguas e literaturas portuguesa e espanhola. Publicou "Poemas de Andarilho" (Leitura, Rio, 1969), Sal do saldo (Cátedra, Rio, 1973) e "Versos, bichos diversos" (para crianças) (Data Vênia, Rio, 1989). Participou das coletâneas "Una panorámica de la nueva poesía brasileña" (Revista de Cultura Brasileña, Madrid, 1975), "Lugarcomum-2", Braga, Portugal, 1975), "Ventonovo" (Cooperativa de Escritores, Curitiba, 1976), "Antologia da novíssima poesia brasileira" (Org. por Gramiro de Matos e Manuel de Seabra, Livros Horizonte, Lisboa, 1981) e "Pérolas do Brasil" (Português-húngaro, org. por Lívia Paulini, Academia Feminina Mineira de Letras, Belo Horizonte, 1993). Tem trabalhos publicados em diversos órgãos da imprensa brasileira e em alguns do exterior. Colaborou na edição da "Correspondência de Machado de Assis" (Academia Brasileira de Letras, 2008-2009), com duas cartas inéditas por ele localizadas em Portugal, dirigidas ao escritor lusitano Júlio César Machado pelo autor de "Dom Casmurro". Dedica-se há muitos anos a pesquisar a vida e a obra de Casimiro de Abreu, sobre quem já publicou: "Casimiro de Abreu - Correspondência completa" (Academia Brasileira de Letras, Rio, 2007), uma edição comemorativa dos 150 anos do livro "Primaveras" (Academia Brasileira de Letras e Editora Nitpress, Niterói, 2009), "Casimiro de Abreu - Obra completa" (Academia Brasileira de Letras e G. Ermakoff Casa Editorial, Rio, 2010), e "Casimiro de Abreu através de seus manuscritos" (Academia Brasileira de Letras e Joséphine Edições, Rio, 2013).
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Veja você: na construção da casa
gastou-se todo o esforço do casal.
A casa ficou pronta, ficou sólida,
o lar porém desfez-se no final.
Tudo foi feito no rigor da técnica,
não se falou em preço, economia.
Veja você quanto tijolo usou-se,
quantas lajotas, telha e esquadria.
Os azulejos, os ladrilhos postos
combinam nos padrões, nos coloridos.
Veja você a qualidade em torno,
nos móveis, nos armários embutidos.
No muro, nas paredes e nas portas,
buscou-se, mais que tudo, segurança.
Um bom projeto, quando bem traçado,
resguarda o morador da vizinhança.
Um bom projeto sabe a conta certa
de vergalhão, de pedra, de cimento.
Só que não sabe a quantidade exata
do amor na engenharia do aposento.
Sabe prever as corrosões, os danos,
infiltrações, ferrugens, maresia.
Só não se ocupa das porções de sonho
que escorrem pelo tanque, pela pia.