POESIA PARA MUDAR O MUNDO - 2015 - BLOCOS ONLINE
Noélia Ribeiro

NOÉLIA RIBEIRO - Pernambucana, foi muito pequena para o Rio de Janeiro, onde escreveu seus primeiros versos. Aos 12 anos, mudou-se para Brasília, cidade em que mora com os filhos. Formou-se em Letras (Línguas Portuguesa e Inglesa) na UnB e fez pós-graduação em Linguística (Análise do Discurso) no UniCEUB. Acompanhou o movimento da Geração Mimeógrafo como namorada de Nicolas Behr, um de seus representantes, o qual lhe dedicou o poema "Travessia do Eixão", musicado por Nonato Veras e gravado pelos grupos Liga Tripa e Legião Urbana. A primeira vez que mostrou seus poemas foi no livro "Salada Mista", em parceria com os poetas Paulo Tovar e Sóter. Em 1982, lançou seu primeiro livro independente intitulado "Expectativa". Começou sua carreira profissional como professora de Língua Portuguesa e hoje é taquígrafa aposentada da Câmara dos Deputados. Tem poemas publicados em coletâneas de poetas ("Talento Brasileiro em Prosa e Verso", pela REBRA; "Fincapé", pelo Coletivo de Poetas; "Bienal do B – A poesia na rua", pelo Açougue Cultural T-Bone; "Cena Poética", pelo Poetas En/Cena) e teve vários poemas publicados em jornais da cidade e revistas brasileiras. No final de 2009, lançou "Atarantada", pela Editora Verbis, com a primeira edição esgotada. Participa de shows, saraus e movimentos poéticos realizados no DF, declamando seus poemas, e seu livro mais recente, "Escalafobética", pela Editora Vidráguas, será lançado em 17 de novembro de 2015.
nmariarsilva@hotmail.com

ASTRONAUTA

O olhar atento da menina
À imagem
Do astronauta flutuante
Pisando a lua pela primeira vez

A mesma lua
À qual ela pedia em prece
O retorno do pai

O pai passou a morar na lua
E no seu coração
Sem gravidade

A ausência ficou mais leve
Como Armstrong
A tristeza,
Guardada dentro da TV

SOBRE O TEMPO

Não quero mais que o tempo corra
nem que o sábado aconteça.
Quero desfiar cada momento,
desafiando a vida de domingo a domingo;
assistir à passagem das horas
sem pressa e alijar-me de todo medo,
para enfim desfrutar o sentimento
de que, com o passar dos dias,
vivi uma eternidade,
envelheci quase nada
e morri apenas por um segundo.

Noélia Ribeiro
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