SANDRA SOUZA - Nascida e vivida em São Paulo. Graduada em letras e comunicação social; mestre e doutora em administração pela Universidade de São Paulo. Foi professora de português no ensino médio, fundamental e ensinou comunicação social na universidade. É professora e especialista em Gestão de Pessoas e coordenadora de projetos de formação, capacitação e desenvolvimento organizacional para o setor público. Manifesta na poesia sua maneira de estar no mundo. Publicou na Saciedade Digital volumes 7, 9 e 10.
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Eles estão sendo vistos
Mas não veem.
Nunca verão aqueles
que os veem,
Nem ouvirão suas palmas –
Estranha homenagem para quem ouvir não pode.
Os outros falam.
Eles estão calados.
Os outros em ciranda os envolvem, mas eles se mantêm perfilados.
Amarga formação,
arranjo perene para seis caixões jovens,
acomodados nas casas
que agora têm.
Se o corpo dele é frágil e seu olhar mudo,
o que pode sustentar o uno e reverberar no mundo?
Zilhões de seres em pequena bola,
tão reduzido é o espaço, que viver sufoca.
Alívio onde? Grito perdido, lágrima interrompida,
sal sem terra, tragado pelo mar.
Falta a seiva que nutre e renova – Vida.
Sobra o caos que corrói, mas perdura – Morte.
Alma compartilhada, alquimia da paz,
levanta o véu, liberta a dor!
Se o seu corpo líquido grita o horror e o abandono,
comove as gentes, mas não as move.
Se não Ele-Ela, alma justa,
se não Nós,
quem o salvará do mundo?