SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 3

CLÁUDIO SCHUSTER - Nasci em 24/08/1962, em Pelotas (RS). De meu pai, Cláudio, herdei a paixão por cinema. De minha mãe, Conceição, por escrever. Sou formado em Jornalismo pela Universidade Católica de Pelotas. Moro em Florianópolis (SC) desde 1986, onde lancei os livros “Crime Perfeito” (poemas, ed. do autor, 1994) e “Risco” (poemas, ed. do autor, 1997), apresentado no 12º Salão Nacional de Poesia – Psiu Poético, em Montes Claros (MG), em 1998. No mesmo ano foi selecionado para a I Bienal Internacional de Poesia de Belo Horizonte (MG), onde os poemas foram lidos pelo ator Sergio Mamberti . Em 1999 publiquei o livro “Bluz” pela editora Blocos (2º Concurso Blocos de Poesia). Escrevi roteiros para cinema em parceria com o diretor Penna Filho, nos filmes “Victor Meirelles – Quadros da História” (documentário de curta-metragem, de 1996, selecionado para os festivais de Gramado e Brasília) e “Um craque chamado Divino” (documentário de longa-metragem, de 2006). Desde 2005 trabalho como assessor de comunicação da senadora Ideli Salvatti (PT/SC). Sou casado com Juliana Sell, com que tenho dois filhos: Theo e Pedro. Contatos: claudioschuster@hotmail.com Página individual de poesia em Blocos Online

cena

cheguei ao bar
sentei ao balcão
e pedi uma dose de batom vermelho
puro
sem gelo

nacional ou estrangeiro?

dei de ombros
já havia bebido tantos vestidos pretos
naquela madrugada
por outros bares
que nem sentiria mais
o gosto de um bom batom vermelho

era o que eu achava
até perceber que a temperatura
subiu logo aos 40 graus
assim que o garçom colocou
o termômetro no copo

meus caninos cresceram
pela primeira vez
em séculos
e eu bebi aquela página
vermelha
num gole só
com todos me olhando
num inglês com rotação alterada
pelo tempo

de repente
tudo ficou em silêncio
e todos tiveram que ouvir
aqueles beijos
descendo
rubros
pelo meu pescoço
pelo meu peito

ninguém respirava
qualquer outra cor
e o batom
vermelho
desceu ainda mais
me lambendo
e sugando
por dentro
enquanto eu cravava os dentes
no copo
sem notar
que todos saíam
em câmera lenta
deixando seus vestidos de noiva
seus pijamas
e dentaduras
nos copos
sobre as mesas
trêmulas

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