SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 3

XENÏA ANTUNES - Nasci em um dia 19 de outubro, no século passado, na cidade do Rio de Janeiro e moro em Brasília desde o início dos anos sessenta (mas não freqüento a Praça dos Três Poderes). Por outro lado, sou assídua espectadora do pôr-do-sol, que é o verdadeiro espetáculo desta cidade. Escrevo poesias, contos, crônicas e artigos, tenho dois livros e vários poemas publicados por aí. Faço pintura acrílica sobre tela e nanquim, aquarela e outras técnicas sobre papel. De vez em quando realizo ou participo de exposições e vendo meus trabalhos. Em multimídia, trabalho com imagens e webdesign. Sou fotógrafa compulsiva.
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           Reverso

Gravidez

Lira inquieta

     

           Hexagrama

Que tenhas meu corpo

Sempre-viva

 

LIRA INQUIETA

Quais serão tuas falácias
quando te apresentas fulano de tal
seu mosqueteiro
pisando sobre a via láctea
chovendo em meus lagos
desarrumando meus seios?
Quem é você que me chama sob águas
e me faz de égua a correr nas  pontes
esquecida dos cabrestos e antigos donos?
Qual é tua loucura rodopiante
teu secreto
teu incesto
tua desonra
a urdidura que rói tuas unhas?
Onde tua maldição, tua doçura
e o tiro de revolução?
De onde tais olhares
embutidos em lentes tripartidas,
obstinados na tintura de uns versos
sobre letras verossímeis?
O que fazem desconcertantes essas mãos
em tua boca de silêncios aviltantes?
Por que tua existência que não me doía antes
nem como primitiva argila
ou encantado monumento?
Quanto tempo perdido tem esse teu beijo
depois da ronda   na cidade
da baldeação dos corpos
da reiterada cama onde te aninhas?

E por quais motivos a mim tu necessitas –
ao lado inofensiva
por cima desconcertante
por baixo esmagada e combustiva?

Xenïa Antunes
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Xenia Antunes

 
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