SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 5

Foto de Daniela Villar

ANTONIO CARLOS SECCHIN - Nasceu no Rio de Janeiro, em 1952. É professor titular de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras da UFRJ, tornando-se sucessor da cátedra anteriormente ocupada por Alceu Amoroso Lima e Afrânio Coutinho. Doutor em Letras pela mesma Universidade. Poeta com 6 livros publicados, destacando-se Todos os ventos (poesia reunida, 2002), que obteve os prêmios da Fundação Biblioteca Nacional, da Academia Brasileira de Letras e do PEN Clube para melhor livro do gênero publicado no país em 2002. Em 2006, lançou a antologia 50 poemas escolhidos pelo autor. Ensaísta autor de 3 livros, dentre eles João Cabral; a poesia do menos, ganhador de 3 prêmios nacionais, dentre eles o Sílvio Romero, atribuído pela ABL em 1987. Em 2001, organizou a Poesia completa de Cecília Meireles, na edição comemorativa do centenário de nascimento da escritora. Em 2003, publicou Escritos sobre poesia & alguma ficção, reunindo cerca de 50 artigos e ensaios. Professor convidado das Universidades de Barcelona, Bordeaux, Califórnia, Lisboa, Mérida, México, Los Angeles, Nápoles, Paris (Sorbonne), Rennes e Roma. Autor de mais de três centenas de textos (poemas, contos, ensaios) publicados nos principais periódicos literários do país e do exterior. Sobre sua obra já escreveram favoravelmente ensaístas como Benedito Nunes, José Guilherme Merquior, Eduardo Portella, Alfredo Bosi, Antônio Houaiss, Sergio Paulo Rouanet, José Paulo Paes, André Seffrin, Ivo Barbieri, Fábio Lucas e Ivan Junqueira, entre outros. Eleito em junho de 2004, tornou-se o mais jovem membro da Academia Brasileira de Letras.

Contatos: acsecchin@uol.com.br
Página individual de poesia em Blocos Online

           Noturno

Poema do infante

Noite na taverna

     

           Notícia do poeta

À noite o giro cego das estrelas

À noite

 

Noturno

Os reis de Copa
ostentam eretas
espadas mestras
em frente ao mar.
Transatlânticos desejos
encalhados na areia.
Damas de paus
e valentes seios
expostos à carícia
de dólares e brisas.
Eis Lizbeth, ou João Batista,
ouro puro do subúrbio,
ex-ás do cais do porto,
atual contorcionista
do pescoço de pilotos
à procura de conquistas.
O seu rosto é reformado
por algum cirurgião-artista,
pois queixo, nariz e olhos
revelam influência cubista.
Passeiam pares de bicicletas
sob um céu abotoado de estrelas.
Na luz plástica dos postes
passam famintas pombas pretas.
Fome de tudo, em meio à neblina:
saliva, esperma, cocaína.
O bigode roça a nuca sôfrega.
E enquanto o corpo exala e treme
passa, ácida, a patrulha
de um insone PM.
O amor é de lei
ou desviado? Pouco importa;
a polícia, na maior parte,
só sabe celebrar
os rituais de Marte.
Mas frente a ímã tão terreno
caos e lei se entredevoram
em cabine ao abrigo do sereno.
Ao guarda rapaz apraz, ao menos,
a ronda noturna no planeta Vênus.

Prefácio

Antonio Carlos Secchin

 
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