SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 7

MAURICIO GONÇALVES - Entrei para a faculdade de Letras da UFRJ em 1986, e a seguir passei para o teatro. Estudei artes dramáticas na Faculdade da Cidade. Fiz Mestrado, e agora Doutrado, em Ciência da Literatura na UFRJ. Atuei em muitas peças de teatro, filmes e trabalhos em televisão (estou na TV Globo desde 1990). Destaco em teatro uma adaptação do texto “Arena Conta Zumbi”, de Augusto Boal e Edu Lobo, feita pelo “Teatro de Arte Popular”, grupo ao qual eu pertencia no começo dos anos noventa. O musical foi montado em Londres, com elenco misto – ingleses, italianos e brasileiros — e teve ótima repercussão no Brasil. Outra importante participação foi no filme de Guel Arraes, “O Auto da Compadecida”, originalmente uma obra para o teatro escrita por Ariano Suassuna. A literatura, contudo, foi sempre a minha “menina dos olhos”, e incentivado por minha esposa montei o livro de poemas intitulado “Telemaquias” (Razão Cultural, 1999, RJ) . A referência ao filho de Ulisses não é gratuita, tem a ver com a busca de um autor “negro e brasileiro” pelos seus “pais poéticos”. Fiquei, devo acrescentar, muito honrado com o prefácio do Bruno Tolentino e com a quarta-capa de Marco Lucchesi. O próximo projeto é “Mar sem Trajeto”, meu primeiro romance.

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           Em trânsito  I

Morto

Perdida

     

           Cavalete

Estudo em branco (Laforguiana)

A cinco por cento

 

CAVALETE

Havia aquele
Amplo cheiro
De amores passados
De falsos rubores
De cores terrais.
Havia vagas
Havia enganos
Havia corais.
Havia uma gávea
Em alerta
Um inventário
De nadas
Um escarro, uns lábios,
E temporais.
Paraísos havia,
Artificiais
Havia escolas
E catedrais
(Cidade irreal).
Havia também,
Num ricto não táctil,
Um cibório contrito
Com o esponsalício
"Que fazes aqui?"

Mauricio Gonçalves
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Mauricio Gonçalves

 
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