SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 8

GLÓRIA HORTA - É mineira (Belo Horizonte), fotógrafa, formada em Jornalismo e Mestra em Antropologia da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Deu aulas de Tecelagem Manual durante seis anos, organizou e protagonizou diversos eventos de poesia no Rio de Janeiro e em outros estados. Na década de 1980 participou de uma série de performances poéticas, sendo autora da performance ÀS AVESSAS. Com Tânia Scher e Leila Míccolis, encenou a performance ELAS POR ELAS, em diversos bares cariocas, entre eles o Botanic. Em teatro, foi co-autora e atriz da peça ALTO RISCO. Publicou três livros: SANGRIA (poemas), SEXO URBANO (crônicas) e BORBOLETA SUMARÍSSIMA (poesias). Lançou um CD com poemas desses livros e expôs três ensaios fotográficos: ALTO RIO NEGRO, SUA GENTE E SUA ÁGUA, ARTE NA RUA e QUEM TÁ VIVO TÁ NA DÚVIDA. Atualmente coordena o Setor Educativo do Centro Cultural da Justiça Federal.

Site: http://www.gloriahorta.net
Blog: http://www.gloriahorta.net/blogs.htm

Contatos: gloriahorta@gmail.com
Página individual de poesia em Blocos Online
Página individual de prosa em Blocos Online


           Paninho e desmancha

Três por quatro

Laços

     

           (Queria descansar, viva.)

Cursinho

Pró-labore

 

Cursinho

Encho a cabeça com coisas que não servem para nada.
Assim é a memória: presta-se.
Decoro números, nomes, frases sem sentido.
Loteio o pensamento.
Amontôo como quem faz uma mala desnecessária e depressa,
não viaja. Exijo que a lembrança me devolva todos os itens quando eu assobio. Uns submergem.
Outros voltam à tona, desconectados.
a cabeça funciona, oficina.
Martelo idéias, números, competências.
a prova passa e fico com essa reserva,
um lago morno onde bóiam sucatas.
A correnteza levará todo o tempo perdido
para o fundo do mar do esquecimento.
Minhas informações preciosas
afastando-se barquinhos, uma a uma.
A mente vazia, balde.
Em algum lugar do mundo
as informações flutuam pólens.
Abrir perspectivas.
agarro a flor e o vaso, a terra e as raízes.
é quente o bafo que sopra as velas veleiras dos relógios marcando,
uma a uma, as senhoras.
Eternas aniversariantes, envelhecem só por dentro.
Morre gente e eu recebo a notícia.
Preciso distribuir condolências.
e sugar o caldo da vida enquanto entorna.

Glória Horta
1  2    3    4    5   6

Glória Horta

 
Voltar à capa da Saciedade dos Poetas Vivos