SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 8

LÚCIA CONSTANTINO - Nasceu em Curitiba, PR. É professora e tradutora (inglês e espanhol). Estudou na Georgia State University, em Atlanta e viveu quinze anos no Rio de Janeiro, onde se formou em teatro pela Escola de Teatro Martins Pena e em espanhol pelo Centro Cultural Brasil-Argentina. Participou, quando morava no Rio, de várias antologias literárias. Tem também poema publicado na Revista da Literatura Brasileira (SP). Em 2005 sob  seu nome verdadeiro (Maria Lúcia Siqueira) publica o livro de poemas "Asas ao Anoitecer", com incentivo da Fundação Cultural de Curitiba e prefácio de Olga Savary. A partir de 2005, passa a escrever sob o pseudônimo  de Lúcia Constantino, sobrenome adotado de sua avó materna. A poeta dedica-se  à causa em prol dos animais, que são sua maior paixão na vida.  Admiradora de Gabriela Mistral, Cecília Meireles, Mário Quintana, Lya Luft, Lorca, Rilke, Emily Dickinson, Sylvia Plath, Saint-Exupèry e Marguerite Duras, entre outros. Na música, prefere os clássicos e Joan Manuel Serrat, cantor e compositor espanhol. 
Site: http://luciaconstantino.prosaeverso.net

Contatos: maylasan@gmail.com
Página individual de poesia em Blocos Online


           À meia-luz

In memoriam de um guerreiro

Canção

     

           Deixe-me

Em reflexão

Às cinco da tarde

 

ÀS CINCO DA TARDE

                 "Se ven desde las barandas,
                  por el monte, monte, monte,
                  mulos y sombras de mulos
                  cargados de girasoles."

                              – Federico García Lorca



Que pena, poeta,
que às cinco da tarde
não mais havia girassóis
a iluminar teus olhos.

Marianita não pode te levar flores.
Trocou de bandeira para bordar
uma rosa eterna, a tua...
agora sempre a sangrar.

Mas Bernarda trocou o negro e vestiu-se de azul
para te encontrar no céu...

E Angústias mudou seu nome para
Esperança...

Yerma não desistiu dos seus sonhos
porque enviaste um anjo para fecundá-la.

E os que se amam,
farão eternas bodas de luzes;
jamais de sangue, porque
o vermelho não valeu a pena,
nunca vale a pena,
a não ser no por de sol,
e nas rosas serenas.

Mas tu não estarás aqui, nunca mais,
às cinco da tarde.

Não verás também meu peito dilacerado
pelos cordeiros diariamente imolados,
pelos cães abandonados,
pelas costelas à mostra das crianças...
pelos anciãos sedados ...


Tu não verás... tu não verás....

E não há como dizer-te poeta:
talvez eu só tenha feito até hoje
poemas para trás
por medo de abrir os olhos
e enxergar...

Mas "assim que passem cinco anos"
eu preciso me dizer:
valeu a pena ousar amar.

Lúcia Constantino

Maria Helena Latini

 
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