SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 8

VIRGÍNIA SCHALL - Mineira de Montes Claros, morou por 20 anos no Rio de Janeiro e está radicada há 10 anos em Belo Horizonte. É pesquisadora titular da Fundação Oswaldo Cruz, onde ingressou em 1981, no Rio. Lá criou o Laboratório de Educação em Saúde, concebeu o projeto do Museu da Vida, e criou o Ciência em Cena, teatro que integra arte e ciência. É psicóloga, doutora em Educação pela PUC Rio e mestre em neurofisiologia pela UFMG. Publicou 11 livros infanto-juvenis. Poeta, recebeu vários prêmios, embora ainda não tenha livro publicado, apenas poemas incluídos em antologias. Dentre os prêmios recebidos, estão: Concurso de Poesias Vinicius de Moraes, da Prefeitura do Rio de Janeiro (1994); Concurso Poesia na Vale da CVRD (1995); Prêmio Raul de Leoni , de poesia, da União Brasileira de Escritores (RJ, 1998); prêmios de Poesia da Academia Feminina Mineira de Letras (1998 e 2000) e Medalha de Prata no Concurso de Poesias “Brasil – 500 Anos” (Juiz de Fora, MG). Publicou em 2001, o livro, “Contos de Fatos”, que recebeu o Prêmio Alejandro José Cabassa da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro em 2002, ano em que foi eleita membro efetivo da Academia Feminina Mineira de Letras. Recebeu prêmios pela atividade de divulgação científica, em 1991, Prêmio José Reis do CNPq, e em 2002, o Prêmio Francisco de Assis Magalhães Gomes, da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Minas Gerais. Escreve para o Canal Futura de Televisão (Programa Viva Legal) e é colunista da área de ciência e tecnologia do Portal Uai.
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Página individual de poesia em Blocos Online


           Estrangeira

Silêncio

Escrita

     

           Em uma manhã cinza

Lembrança

Sagrado pão

 

ESTRANGEIRA

A noite é a mesma em todo um lado do planeta
e nela ocupo um lugar único
personagem entre tantos a compor a cena humana
sob o foco de luz de uma sala comum.
Nada há por sofrer, nada é urgente
os meus estão bem e eu aparento realizada
o cão me olha sereno por sobre o tapete
a filha organiza retratos na gaveta
a música encanta o ar fresco entre buganvílias rubras
de minha varanda camarote aberto para o mundo
descortino cintilâncias a tremular nas águas noturnas da lagoa

A noite é límpida e eu, lúcida
espreito a vida e escrevo
para entender d'onde vem tanta melancolia
de quem deveria estar a fruir esta harmonia
mas se debate trôpega à procura
tão plena de desejos e perguntas
disfarçando o coração inquieto
que teima em viajar por ontens e futuros.
Absorta em sonhos e platônicos amores
adentro atmosferas e penumbras
aspiro perfumes de outras eras
prenúncio de cálidos encontros.

Oh vida que escorre pelo dia
prestes a concluir-se para sempre
nunca mais será hoje outra vez
disso eu sei tão quanto aqui estou
e no entanto, esbanjo o presente
viajante estrangeira do meu próprio momento.
Haverá um tempo em que a memória dessa cena
será saudade e tristeza
por não tê-la vivido por inteiro.

Poetas de Manguinhos I, org. Pedro Teixeira e Luiz Fernando Ferreira,
Ed. ASFOC/FIOCRUZ, 1997, RJ

Val Andrade

Virgínia Schall

 
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