SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 13

Manoel de Barros

MANOEL DE BARROS - Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá (MT), em 19 de dezembro de 1916, filho de João Venceslau Barros, capataz influentenaquela região. Mudou-se para Corumbá (MS), onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande (MS). É advogado, fazendeiro e poeta. Obras publicadas na França, Espanha e Portugal. No Brasil: Poemas concebidos sem pecado (1937); Face imóvel (1942); Poesias (1956); Compêndio para uso dos pássaros (1960); Gramática expositiva do chão (1966); Matéria de poesia (1974); Arranjos para assobio (1982); Livro de pré-coisas (1989); Poesia quase toda (1990); Concerto a céu aberto para solos de aves (1991); O livro das ignorãças (1993); Livro sobre nada (1996); Retrato do artista quando coisa (1998); Exercícios de ser criança (1999); Ensaios fotográficos (2000); O fazedor de amanhecer (infantil, 2001); Poeminhas pescados numa fala de João (2001); Tratado geral das grandezas do ínfimo (2001); Cantigas para um passarinho à toa (2003); Poemas rupestres (2004); Memórias Inventadas I (2005), Memórias inventadas II (2006); Memórias inventadas III (2007); Menino do Mato (2010), Poesia Completa (2010). Prêmios nacionais: 1960 — Prêmio Orlando Dantas / Diário de Notícias, com o livro "Compêndio para uso dos pássaros"; 1966 — Prêmio Nacional de poesias, com o livro "Gramática expositiva do chão"; 1969 — Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, com o livro "Gramática expositiva do chão" 1989 — Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria Poesia, como o livro "O guardador de águas"; 1990 — Prêmio Jacaré de Prata da Secretaria de Cultura de Mato Grosso do Sul como melhor escritor do ano; 1996 — Prêmio Alfonso Guimarães da Biblioteca Nacional, com o livro "Livro das ignorãças"; 1997 — Prêmio Nestlé de Poesia, com o livro "Livro sobre nada"; 1998 — Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo conjunto da obra; 2000 — Prêmio Odilo Costa Filho - Fundação do Livro Infanto Juvenil, com o livro "Exercício de ser criança"; 2000 — Prêmio Academia Brasileira de Letras, com o livro "Exercício de ser criança"; 2002 — Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria livro de ficção, com "O fazedor de amanhecer"; 2005 — Prêmio APCA 2004 de melhor poesia, com o livro "Poemas rupestres"; 2006 — Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira, com o livro "Poemas rupestres".

Página individual de poesia em Blocos Online


           Na fazenda

Árvore

Noções sobre João-Ferreiro

     

           ... poesia, a poesia é

Poeminha pescados.....

Caminhada

 

POEMINHAS PESCADOS NUMA FALA DE JOÃO

I
O menino caiu dentro do rio tibum
ficou todo molhado de peixe...
A água dava razinha de meu pé.


II
João foi na casa do peixe
remou a canoa
depois pan caiu lá embaixo
na água
afundou. Tinha dois pato grande.
Jacaré comeu minha boca do lado de fora.


III
Nain Remou uma piranha.
Ele pegou um pau pum!
na parede do jacaré...
Veio Maria-preta fazeu três araçás pra mim
Meu bolso teve um sol com passarinhos...


IV
De dia apareceu uma cobrona
deibaixo de João.
Eu matei a boca pequenininha daquela cobra.
Ninguém não tinha um rosto com chão perto.


V
Deminha mão dentro do quarto
meu lambarizinho
escapuliu — ele priscava
priscava
até cair naquele
meu corixo.
E se beijou todo de água!
Eu se chorei...


VI
A Noite caiu da árvore.
Maria pegou ela pra criar
e ficou preta...
Vi um rio indo embora de andorinhas...


VII
Escuto o meu rio:
é uma cobra
de água andando
por dentro de meu olho...


VIII
O sapo de pau
virou chão...
O boi piou cheio de folhas com água.
Eu ia no mato sozinho
o côco de capivaras era rodelinhas — bola de gude
eu quebrei uma com meu sapato
todas viraram chão também...


IX
Você viu um passarinho abrindo naquela casa
que ele veio comer na minha mão?
Minha boca estava seca igual do que
                 uma pedra em cima do rio.


X

Vento?
Só subindo no alto da árvore
que a gente pega ele pelo rabo...

Manoel de Barros
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Manoel de Barros

 
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