SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 13

Pedro Lyra © Foto de Pedro Domício,
no Congresso TeknoPoesia da PUC-RJ, em 2011

PEDRO LYRA - Poeta, crítico e ensaísta, com 22 livros nessas três áreas, nasceu em Fortaleza-CE, a 28.1.1945.  Foi colaborador do Jornal do Brasil por mais de 10 anos, é sócio titular do PEN Club do Rio, ex-editor e atual membro da Co­missão Editorial da revista Tempo Brasileiro e colaborador da revista Colóquio/Letras e do Jornal de Letras, Artes e Idéias, de Lisboa.  Tem poemas e ensaios publicados em vários países da América La­tina e da Europa e está presente em diversas antologias poéticas, no país e no exterior. Em 2000, foi publicada na França, pela Editora l'Harmattan de Paris, Vision de l'Être – Anthologie poétique, versão reduzida e bilíngue de sua antologia poética Visão do Ser (Rio, Topbooks, 1998) com organização, prefácio e tradução de Catherine Dumas, professora de Civilização Lusófona da Universidade de Paris-III/Sorbonne Nouvelle. Foi Professor Visitante em universidades de Portugal (1986, 1990), Alemanha (1987) e França (1989-90, 1993). Tem Pós-Doutorado em Tradução Poética na Sorbonne, onde foi “Chercheur Invité” por 2 anos (2004-2005). Atualmente, professor titular de Poética da UENF, em Campos/Rio de Janeiro. O poeta já tem dois livros sobre sua poesia, ambos publicados pela Editora da UFC: Uma palavra marcada – Emoção e consciência na poética de Pedro Lyra, dissertação de Mestrado da professora Hermínia Lima, em 1999; e Uma poesia dialógica – Nove resenhas da obra de Pedro Lyra, do poeta e crítico Fernando Py, em 2003. Poemas seus – dos livros Decisão, Desafio, Contágio e Argumento – estão espalhados em muitos sites da Internet. Encontra-se também no Facebook.
Contatos: pedrowlyra@hotmail.com

Página individual de poesia em Blocos Online


           A lenda do poder

Contraponto

Retardados I

     

           Retardados - II

As diferenças

Rogo XIII - Foco ou reflexo

 

AS DIFERENÇAS

Um homem caga.
Um burguês também caga.

– Eis
aí a única diferença
                                        entre
                                                     um ser humano
                                                     e
                                                     um ser burguês.

O poema terminava aí.

Mas
os críticos (burgueses) haveriam
de ponderar:

                "É
                 um poema
                 até certo ponto verdadeiro
                 porém esteticamente falho.
                 O primeiro dístico, eu provo, é de péssimo gosto:
                 essa não é uma linguagem poética.
                 Além disso
                 ele peca pela hipérbole:
                 há outras semelhanças
                 entre os dois tipos de animais."


Sim, há
outras semelhanças;
certamente, há outras semelhanças
entre um ser humano e um ser burguês
e só por isso o poema não terminou ali:
ambos
                têm mãos, embora
                as mãos do burguês continuem como patas;
ambos
                têm olhos, embora
                os olhos do burguês só vejam o lucro;
ambos
           têm consciência, embora
           para a consciência do burguês o tempo tenha parado.

Etc.

Mas a história
– movimento social do tempo – explode
com a tentativa de paralisação do tempo
e prossegue
                       até que, também do burguês,
as suas mãos
                          passem a produzir além de faturas,
                 os seus olhos
                                         possam ver além de mercadorias,
                 a sua consciência
                                                   compreenda que o presente
                 é uma realidade
                                               histórica
                                              (não eterna)
                 ou seja:
                                  até o dia
                                  em que o ser burguês
                                  ceda a vez a um ser humano.

                    (Do livro Decisão – Poemas dialéticos)

Pedro Lyra
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Pedro Lyra

 
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