PREFÁCIO
O Volume é o nº 13, o lançamento é no "Dia das Bruxas" e o exorcismo é a poesia — nada melhor do que a ação da alquimia poética para transmutar nefastas vibrações e benzer o mundo. Afinal, além dos poetas não viverem hoje nas nuvens (será que viveram algum dia?) também não sobrevoam o mundo montados em vassouras voadoras: têm a consciência de pés fincados na terra e sabem-se seres mágicos sim, mas com a magia que existe inerente a toda a criação. Por isto, nesta edição, escolhemos um tema telúrico: Terra, Homem e Animais — temática que à primeira vista pode parecer por demais ampla, mas que contém uma ligação sutil entre os elementos deste trinômio, mesmo que eles pareçam independentes e autônomos: como falar em Terra sem interligá-la ao humano, que, mesmo sendo racional, é uma raça de animais? Um engloba o outro, a exemplo das Matrioshkas, bonecas russas que, à perfeição, encaixam-se umas dentro das outras, a maior contendo todas as demais.
Terra, Homem e Animais comemoram cinco anos de projeto e estamos alegres com estas nossas Bodas de Madeira — somos madeira de lei, própria para construções: forte e resistente às intempéries. Não conhecemos na Internet qualquer outro projeto semelhante, reunindo em um único selo e durante tão longo período, tantos nomes expressivos e de prestígio de nossa cultura. Neste volume, reverenciamos Manuel de Barros e Pedro Lyra, dois poetas consagrados internacionalmente — aliás, pela primeira vez, o processo foi inverso: primeiro cogitamos os nomes dos homenageados, depois da temática que ambos têm em comum. A cada edição, ficamos mais sensibilizados pela acolhida e pelo respeito que o nome de Blocos Online inspira nos meios literários. É uma sensação maravilhosa para nós editores e esperamos que também o seja para nossos autores e leitores.
No presente volume, selecionamos mais quinze poetas que se dedicaram a aprofundar o tema proposto, tendo cada qual privilegiado um aspecto, uma dimensão preponderante: Ana as florações e estações; Cícero, as faces míticas da terra enquanto matéria-prima; Clevane, uma terra serena e em paz; Esther, a terra rica de metáforas; Fernando, a contemplação da natureza; Flavio Gimenez, a terra internalizada; Flávio Mota, a crítica à matança e a antolhos; Gerson, a ação humana tantas vezes destrutiva e violenta; Jayme, a terra-memória individual; Maria Helena, a abundância da vida; Paola, as colheitas humanas; Rogel, as paisagens afetivas; Sandra, a terra enquanto resistência e renovação; Sidnei, a ação depredadora e predatória contra a natureza viva; Xenia, a procura da verdade e do equilíbrio interior. Eis a Terra entrelaçando tudo no todo, poeticamente.
Através da Saciedade dos Poetas Vivos Digital comemoramos nossa ininterrupta busca poética até à saciedade; assim sendo, é hora de erguermos um brinde a todos os que fazem parte deste projeto, e também a todos os que, mesmo em off, nos incentivaram a prosseguir e a contornar as pedras no meio do caminho — qualquer semelhança com o célebre poema de Drummond, que hoje inclusive faria 99 anos de idade, não é mera coincidência. Somos mais de 150 poetas vivos reunidos. Infelizmente Wilson Bueno não está mais fisicamente entre nós (vítima que foi de um assalto em 31/10/2009, praticamente um ano após ter participado de nossa antologia com seus belíssimos rengas sobre as "Quatro Estações"). No entanto, enquanto ele estiver presente em nossa memória e em nossa afeição, viverá — "Saudades nunca não passam", como ele próprio escreveu.
É festa em nossos corações. Por tudo que vivenciamos intensamente neste espaço e neste quinquênio, e por mais um ano de congraçamento poético, nos sentimos vitoriosos, felizes e plenamente realizados. Celebremos!
Leila Míccolis
Lançamento oficial: 31 de outubro de 2011
Créditos:
Editores: Urhacy Faustino e Leila Míccolis
Capa: Vande Rotta Gomide
Título: Eduardo Feijó Netto Machado
Seleção de textos: Leila Míccolis
Revisão: dos autores
Webmaster: Urhacy Faustino