Ambiente ao meio
Matas depiladas qual moça na praia,
Com exíguos tufos verdes tampando regos,
Nas paisagens, por todo o mundo, quase ausentes,
Matas nada virgens, no meio do nada.
Espigões crescentes, alimentados de concreto,
Espremidos no espaço e cada vez mais altos,
Disputando por capricho um vão derradeiro,
Tal qual criança mimada agradada com dinheiro.
Solo de chumbo fustigando árvores,
Titãs em luta inglória contra o asfalto,
Pedras indesejadas no caminho do progresso,
Despejadas a trator de seu espaço por direito.
Córregos passivos sufocados por plástico,
Pneus, papel, excremento, sem piedade,
Depósitos de restos cheirando a fel,
Entes sem alma, sem vida, ao léu.
Patrimônio fabuloso dilapidado por herdeiros preguiçosos,
Beleza luxuriante trocada por prazeres degradantes,
Bronquite, neurose e tormento.
Ambiente serrado ao meio, machucado e doente!