Uma ovelha me ama de repente.
O seu sono é para o sêmem dos pastores,
que nela vão depondo com cuidado
seu suor, seus capins e seus amores.
Eu a tenho com vigor bem vagaroso,
e sua baba à minha boca se condena,
e tanto meu desejo não se esquiva
quanto mais o seu berreiro me acena.
Amante e amada em grama e gozo confundidos,
as espigas se envergonham, se vergando ao jogo aberto.
Permutamos nossa pele, confidências e ganidos,
e meu pênis se proclama nessa vulva que pentro.
Do livro: "26 Poetas Hoje", Editorial Labor, 1976, RJ
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