A imagem dos meus versos: Uma mulher que passa...
Um nome de mulher que a gente murmura...
Uma voz:- “Nessa vida, meu amor, tudo passa...”
Passa o sorriso alegre das crianças felizes...
Passou o meu sorriso de criança feliz...
A chuva caindo parece até dizer:
“Não há bem que sempre dure nem há mal
Que nunca se acabe”
A tarde nevoenta me faz pensar:
— “Tudo passa... Tudo passa... Tudo passa...”
As folhas amarelas dizem chorando:
“Tudo morre... Tudo morre... Tudo morre...”
O corpo moço é um corpo que envelhece...
A cabeça loura fica branca um dia...
A voz segura, uma tarde estremece...
A vida se apaga no tumulto do tempo...
Tudo se esquece com o correr dos anos...
A chuva que cai traz um punhado de saudade...
A saudade é a certeza que alguma coisa
Já passou...
— Nesta vida, meu amor, tudo passa...
Do livro: “Canto de Perda e de Procura”, Edições
O cruzeiro, 1965, RJ
Envio: Vânia Moreira Diniz