Esses que vêdes macilentos,
De olhos doridos e apagados,
Passam por todos os tormentos,
Sempre tristonhos e calados.
Agora – vivem aplaudidos,
Mais que aplaudidos – invejados;
Mais ei-los logo repelidos,
Não repelidos – caluniados!
Almas de luz – são sonhadores
Que em sonhos vivem mergulhados,
Sofrendo assim tremendas dores
Porque são bons – mas invejados.
Duros caminhos vão descendo
Eternamente caluniados,
Em negros cálices bebendo
O vinho e fel dos desgraçados.
E ei-los que passam macilentos,
De olhos doridos e apagados,
Os pés – em charcos lamacentos,
A fronte – em mundos constelados.
Do livro: "Na Torre de Marfim", Oficinas Gráficas
da Livraria do Globo, 1910, RS
Enviado por: Sérgio Gerônimo Delgado