Sonetos para Simone
(VI)
Quando eu morrer e reverter ao chão,
não profiram discursos nem louvores
se acaso tive glória ou tive amores,
não sepultem o passado em meu caixão.
Não euro missa, prece ou oração;
nem sufoquem meu corpo sobre flores;
não levem ao cemitério pranto ou dores,
quer seja de saudade ou de paixão.
Recitem versos, cantem melodia
não fui senão poeta em minha vida,
girando dentro em mim qual caracol
Terei mais luz no derradeiro dia,
um cruel esplendor na despedida
poesia enchendo o túmulo de sol.
De: "Sonetos para Simone", Edições Palmares,
1999, Salvador/BA
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