V - A Dorotéia
Meu coração é um pássaro selvagem,
não cabe na gaiola da poesia:
se canta rouxinol ou cotovia
pouco importa. Importa a criadagem.
Importa o meu vestido e que esta aragem
balance e beije a minha burguesia.
Sagrados laços prenderão um dia
este enro rebelde. Outra viagem
hei de fazer que não de versos fúteis,
em sossego de vida sossegada.
Um velho e seus delírios tão inúteis
quão perigosos não conduzem a nada.
Os agradáveis hão de unir-se aos úteis
Poesia? Deixa eu comer uma cocada.
Do livro: "IX sonetos da Inconfidência", Lemos Editorial,
1999, SP
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