Mar brasileiro
Heróis do mar em naus e caravelas,
vosso ouro brutal, rapace, vil,
pepitas verdes rubras e amarelas
são o sangue sagrado do Brasil.
Por te obter quantos tupis morreram;
quantos negros por séculos sofreram
pra que de ti tivesse uso e abuso
o império breve do proveito luso.
Valeu a alma? Nada vale a alma,
nem mesmo a terra do sol, da glauca palma:
quem quer passar além do alfange mouro,
tem que passar além da sede de ouro.
Quem nasce de leão e guarda o graal,
não pode vestir pele de chacal.
Do livro: "Poemas Seletos", Fund. Casa de Jorge Amado,
1996, BA
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