És a corrente, eu sou a barca apenas:
Tu vaes, eu vou singrando ao sol, que a doura;
E quando venha a noite sonhadora
Encher-te o seio azul de cantilenas,
Emquanto o céo a fronte de açucenas
Cinge, como se negra noiva fôra,
E banha as vagas limpidas, serenas
De quanta branca perola enthesoura,
És a corente, eu vou: vaes ao infinito?
Irei tambem: caminho, e não reflito:
Não há comtigo para mim mau porto.
Mas... se um dia lançar-me um'onda à syrte,
Que inda assim cante o escolho, e o escolho a rir-te,
Mostre n'água dançando alegre o morto...