Em Um Certo Reino...
Todavia, quem comprometeria o "inocente",
Que parecia, mas não era demente,
Em sua inculta razão de ser...
Os vassalos, que promiscuíam-se?
As modernas damas, inveteradas corruptoras?
Ou os falsos cavaleiros, que esnobavam a progênie?
Tudo parecia perdido naquele reino
Ignoto, nas imensidões tropicais!
Quem o salvaria?
Algum cavaleiro andante, de passagem?
Como um Don Quixote, visionário, alucinado?
Ou um Galahad, um Lancelote, um Percival,
Impregnados de sublimes ideais e boas intenções?
Ou ainda um Merlin, com poderes indescritíveis de magia?
Inevitavelmente, não havia salvação!
Os cavaleiros e os magos já haviam passado
Desta para melhor... no sentido estrito.
Os tempos haviam mudado tanto...
Que para vencer, tinha-se que ser "pragmático",
No pior sentido: levar de roldão tudo e todos
Para se alcançar o que se elegera como louvável,
Poder para manipular; angariar e gerir fundos
E alcançar o maior espaço em contatos
Físicos ou cibernéticos...
Enquanto isso, o reino desmantelava-se
A olhos vistos!
Ninguém, em sã consciência, nos outros reinos...
Considerava-o digno de confiança!
Pois o seu rei não o era... nem a sua corte.
O tempo passava... e o povo desse reino
Permanecia esquecido e abandonado à sua própria sorte.
Muitos ficavam doentes
E não tinham a quem recorrer...
Muitos tentavam trabalhar
Para sustentar as suas famílias,
Mas nada encontravam.
Enquanto a maior parte dos recursos do reino
Era destinada ao pagamento de dívidas colossais
Contraídas com outros reinos mais poderosos e mais ricos,
Os pobres e desvalidos buscavam auxílio
Na fé, engrossando as filas nas igrejas
E nos locais de peregrinação,
Idealizando uma ajuda que não existia
Em seu mundo de abandono e dor.
Muitos tentavam explicar o seu sofrimento
Como castigo por suas culpas, faltas e pecados...
Enquanto isso, os ricos acumulavam sempre maiores riquezas,
E o rei aumentava cada vez mais os impostos
Cobrados sobre o povo, não sobre os ricos e influentes,
Para conseguir pagar os juros crescentes das dívidas,
Remunerar o seu círculo de fiéis vassalos, damas e cavaleiros,
E permanecer no poder por um número infindável de anos,
Divulgando sempre, através dos seus prestativos arautos,
Promessas vazias de dias melhores para os seus súditos...
«
Voltar