Em meu corpo habita uma só mulher;
de carne e osso, uma mulher com defeitos
como outra qualquer.
Em minha alma, também com defeitos, porém arco-íris,
coabitam diversos efeitos, como em um jogo de luzes.
Nela habitam várias mulheres, algumas reveladas e sem véus,
outras escondidas sob disfarces, capuzes :
a mulher doce e meiga, brincalhona e calma,
mas também a valente guerreira,
sempre entregue às lutas, sempre inteira,
disposta a enfrentar preconceitos,
a lutar com firmeza por seus direitos.
Em minha alma habita sobretudo a mulher do povo
e também a mulher-confiança em um mundo novo.
Todas as cores, adicionadas a diversas formas,
minha alma respeita as normas externas,
mas segue sobretudo suas próprias normas.
Em minha alma, repleta de verdades inteiras,
de veleidades secretas,
capaz de vícios e virtudes discretas,
capaz dos grandes gestos de afeto,
ousados às vezes
às vezes insanos,
mas também das pequenas maldades
que vêm do mais profundo
do ser humano
habitam todas as mulheres do mundo.