Acordo, vou ao banheiro, escovo os dentes, tomo banho.
Me arrumo, desço escadas, vou ao carro e acelero.
Corro, chego, bato o cartão, tomo um cafezinho.
Subo escadas, desço escadas, sento a máquina e digito.
Corro, atendo o telefone, faço chamadas, fecho negócios.
Pausa para o almoço.
Vou ao banco, vejo o saldo, me desespero.
Volta do almoço.
Continuo correndo.
Atendo o telefone, voz gostosa, converso um pouco.
Esqueço do mundo.
Volta ao trabalho.
Corro, continuo correndo, continuo correndo ...
Atendo o telefone, corro, corro ...
Chefe chamando.
Vou a sala, falo com ele.
Ordem expressa, para ontem.
Volto a máquina, digito.
Penso, penso, corro, corro.
Pronto.
Entrego, suspiro.
Está errado.
Volto a máquina, digito, corro, me desespero.
Enfim, certo.
Volto ao chefe, entrego, recebo OK.
Fim de tarde.
Saio correndo, volto, pego cartão, bato o cartão.
Pego o carro, acelero, chego em casa.
Entro, tomo um banho - e um beijinho ...
Sento, assisto TV.
Me entedio com a novela, tento mudar de canal.
Ela reclama.
Me conformo.
Fim da novela, beijos e abraços.
Mais beijos e abraços.
Mais beijos e abraços, carinhos e não sei mais o quê.
Festa. Festa. Mais festa.
Fim de festa.
Conversamos sobre o dia, sobre as pessoas, sobre o que aconteceu.
Ela sorri. Eu também.
— Boa noite, minha querida.
— Boa noite, meu amor.
Casar é piorar toda a rotina de vida que você fazia antes,
e, ainda assim, estar muito mais feliz do que se estivesse sozinho.