Quando na boca o sorriso dá lugar à blasfêmia
E a música soa como lamento
A prece passa a ser delírio
E um talvez torna-se negação
Vidas deixarão de ser
E o horizonte, diante de suas vistas descrentes,
Vai desaparecer...
Creia em ti para sobreviver
A água da fonte tua sede não vai matar
E o ar não suprirá tuas necessidades
Não é da tua vida que você precisa...
...mas de mim.
Tardes deixarão de ser belas
E noites sem a lua vão ficar
Dias não mais terão sentido
Você não mais vai querer acordar
Confie nas tuas mãos para levantar-se do abismo
E levitar diante do infinito
Erga seus olhos diante do inimigo
E diga adeus aos poucos amigos
O porquê então, de tudo isso vai entender
E não mais do que já sabes vai querer saber
Chores diante da tua lápide
E ignore os porquês que sempre lutou
Esqueça o que sempre sonhou
Pois agora a eternidade é tua
E não é mais necessário sonhar
Segure apenas o copo de água cristalina
Embriague-se com o infinito dele
E esqueça a sofrida realidade
Que tanto te amargura e machuca
Exuma toda a tua vida na fogueira
Detenha o que te resta de lucidez
E mantenha acesa as luzes da alucinação
Veja dragões
Mas não toque neles
Quando de novo amanhecer
E tiverdes condições de encarar tua multidão
E reconhecer-te ao sol...,
Olha-te no espelho e enxergue tua própria perfeição...