Grito de serpente
Dor, em mim, infringente
Não sacia mais, água e pão
Migalhas encontradas sobre o chão
E voraz boca implora devorar
Terríveis pensamentos tornam-se céu
Angústia, perspectiva
Nada mais temia
Do que o futuro não encontrar
E continuar a rastejar
Rastejando lambi guias e tijolos
Abracei terras e esgotos
Senti-me pleno e simplório
Sofrendo a desilusão do viver
Onde longe é o alcançar
Sendo pedra, não sofria
Mas doía em cada lamento
Deixando-me nas águas podres
Do inerte em plena ação
Que me poluiu o coração