Perséfone

Seu olhar de amor e de desdém
Seu sorriso melancólico
Seu charme aprisionado pela história
Sua vida de entrega às pessoas  erradas

Perséfone, querida maldita
Tu sempre me voltas
Com um corpo novo,
Uma nova história
Que na verdade, é uma só
A sua : Perséfone

Qual o fascínio que tu excerces em mim ?
Qual a atração que eu te faço
E que te assusta tanto ?

Tens medo de descobrires  teus grilhões ?
Tens medo de tentares se livrar deles ?
Ou preferes as trevas ?

Não, Perséfone,
Tu tens medo de deixar de ser rainha
Rainha das trevas,
Mas, ainda assim, rainha
Vale apena ?
Vale te privardes da liberdade
Por uma opaca opulência ?

Desculpe, Perséfone,
É minha sina te brindar com a angústia
É sua sina fazer doer a minha alma
Serei eu teu Hades ou teu Adonis ?
Indagações soltas na escuridão de nossos seres.

Nelson Job

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