Morto, é morto o cantor dos meus guerreiros,
Virgens da mata, suspirai comigo!
A grande água o levou como invejosa,
Nunhum pé trilhará seu derradeiro
Fúnebre leito; ele repousa eterno
Em sítio onde nem olhos de valentes,
Nem mãos de virgens poderão tocar-lhe
Os frios restos. Sabiá da pátria
De longe o chamará saudoso e meigo,
Sem que ele venha repetir-lhe o canto.
Morto, é morto o cantor dos meus guerreiros!
Virgens da mata, suspirai comigo!
Ele houvera do Ybake o dom supremo
De modular nas vozes a ternura,
A cólera, o valor, tristeza e mágoa,
E repetir aos namorados ecos
Quanto vive e reluz no pensamento.
Sobre a margem das águas escondidas,
Virgem nenhuma suspirou mais tenra,
Nem mais válida a roz ergue na taba,
Suas nobres ações cantando aos ventos,
O guerreiro tamoio. Doce e forte,
Brotava-lhe do peito a alma divina.
Morto, é morto o cantor dos meus guerreiros!
Virgens da mata, suspirai comigo!
Coema, a doce amada de Itajuba,
Coema não morreu; a folha agreste
Pode em armas ornar-lhe a sepultura,
E triste o vento suspirar-lhe em torno.
Ela perdura, a virgem dos Timbiras,
Ela vive entre nós. Airosa e linda,
Sua nobre figura adorna as festas
E enflora os sonhos dos valentes. Ele,
O famoso cantor, quebrou da morte
O eterno jugo; e a filha da floresta
Há de a história guardar das velhas tabas,
Inda depois das últimas ruínas.
Morto, é morto o cantor dos meus guerreiros!
Virgens das matas, suspirai comigo!
O piaga, que foge a estranhos olhos,
E vive e morre na floresta escura,
Repita o nome do Cantor; nas águas
Que o rio leva ao mar, mande-lhe as menxas
Uma sentida lágrima, arrancada
Do coração que ele tocara outrora,
Quando o ouviu palpitar sereno e puro,
E na voz celebrou de eternos carmes.
Morto, é morto o cantor dos meus guerreiros!
Virgens das matas, suspirai comigo!