Bailando no ar, gemia inquieto vagalume:
— "Quem me dera que eu fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!
"Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
— "Pudesse eu copiar-te o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte armada e bela..."
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
— "Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda luz resume!"
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
— "Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vagalume?"