Os seios
Nunca te vejo o peito arfar de enleio,
quando de amor ou de prazer te ebrias,
que não ouça lá dentro as fugidias
aves, baixo alternando algum gorjeio...
Aves são, e são duas aves, creio,
que em ti mesma nascera, e em ti crias,
ao arrulhar de castas melodias,
no aroma quente e ebúrneo do teu seio;
têm de uns astros irmãos o movimento,
ou de dois lírios, que balouça o vento,
o giro doce, o lânguido vaivém.
Oh! quem me dera ver no próprio ninho
se brancas são, como o mais branco arminho,
ou se asas, como as outras pombas, têm...
Do livro: "Livro dos Sonetos", L&PM Pocket, 1996, RS
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