Teu olhar, meu consolo mais dilecto,
Do mais doce clarão vinha repleto.
Trazia o espelho mago do passado.
Tinha o reflexo d’outro olhar extincto
Para sempre.. Em teus olhos — eu não minto —
olhava-me do céu um morto amado.
Teu sorriso era a copia mais perfeita
D’aquele a quem minh’alma foi sujeita
N’um relance por toda a eternidade.
Na tua bocca o riso parecia
Como visão do céo, que me fazia
Sentir d’uma carícia a suavidade.
Escutando-te a voz sonhava tanto!
Embalada num terno e ameno capto
Que tinha d’outra vida, um não sei que.
Tua voz me acalmava a angústia infrene,
N’ella ouvia, qual diz Paul Verlaine:
“L’inflexion d’une voix chère qui s’est tué...”