Noite e ânsia copulam
no bruxuleio das velas
excitadas pela
brisa mística
que eriça vértebras,
arrepia a nuca,
bambeia as pernas
e acelera o peito.
— De onde vens ó vibração lúcida?
De que plagas voejaste tu?
Onde existe esta paz tão fúlgida,
que nos escapa de seu rito?
— Ó filhos homens… apercebai-vos!
Entregai-vos a reflexão;
Pensais, olhais em torno,
o mundo, litima-se ao vosso coração!
Sempre, sempre igual,
não muda não…
É pois chegada a hora
de assimilardes a lição —
— tão antiga em seu refrão:
Abandoneis um pouco a matéria
e olheis à imensidão da miséria…
A vida vos leva,
a vida vos traz;
são os eternos
círculos,
sempre, sempre
iguais.
É apenas a escolha, a única razão;
Os caminhos que vêm,
são as mesmas estradas
que vão!
A ladeira é íngreme,
de difícil caminhar;
mas é a via,
a vereda do lapidar…
Vós conheceis pouco de vós,
nada é gratuito ou sem razão;
aqui viveis etapas,
planos de lapidação!
Coração da Pedra
1969