Aguardarei a hora sombria,
e quando a escuridão realçar
os contornos dos ramos carcomidos,
seguirei.
Minhas narinas se impregnarão de mar;
meu silêncio ampliar-se-a na solidão
em que tudo repousa;
uma sombra espessa baixará
sobre meus ombros.
Seguirei!
Perturbado, tentarei desvendar meus
inéditos;
Sentirei seus bafos revoluteando o ar,
melando meus ouvidos
e encharcando meu rosto.
Seguirei!
— É à frente! É à frente!
Decifrarei os cânticos livres do vento
nos braços trêmulos dos arbustos e,
ao longe,
a grande curva chegará afinal...
Seguirei!
— É além! É além!
Uma gosma ácida inundará minha laringe
que fará arder meu peito e observar
o perfil imóvel da cidade.
Seguirei!
Envolto por uma aura brilhante,
reverei meus momentos,
lamentarei minhas faltas,
auscultarei minhas conquistas.
Seguirei!
Afogar-me-ei na curva afinal!
Na bruma me encontrarei;
na mesma bruma que realçava
os contornos dos ramos carcomidos pelo cal.