CIBERSEXO

Míticos argonautas do passado,
em busca do Velocino de Ouro,
enfrentaram cíclopes e titãs
e, como Ulisses, sucumbiram
ao canto mágico da sereia.
E que enfrentam os nautas hodiernos;
esses internautas tecladores de mouses?
Notívagos fascinados, interneteiros compulsivos,
olham roboticamente os ícones
que brilham na tela narcotizante do monitor.
Qual zumbis, vagueiam pelos sites
embriagando-se de gigabytes.
Enfrentam bugs, caçam vírus,
dardejam E-mails freneticamente
e baixam mais programas
do que baixam orixás nos candomblés.
Internet-cocaína escraviza a quem fascina!
E assim, no entra-e-sai de tantos chats,
amalgamam-se em anonimato
os que buscam prazeres virtuais.
Sexo virtual... vício eroto-eletrônico
em que mão, mouse e genitália
instrumentalizam êxtases,
tendo o computador como interface.
Estranhos nicks sinalizam intenções:
Molhadinha, Sexofone, Sem Calcinha,
Afrodite, Gostosona, Papa Todas,
Tesudona, Garanhão, Bom de Cama.
Erótico panteão de personagens libidinosas!
Conectados, erotizados (mal amados com certeza)
esses nautas do prazer
buscam orgasmos pela tela
tendo a carne em tal procela
que, entre cliques e tremores,
vão jorrando seus humores.


Neuci  Gonçalves

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